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«Este blog não respeita o acordo ortográfico (AO90), por ser um atentado inaceitável à língua de Camões e de todos os Portugueses! E você, vai fazer parte deste atentado à língua Portuguesa, escrevendo segundo a aberração do AO90?»

A Inércia” de um povo;


"Um dos males de um país é a inércia dos cidadãos e a incapacidade da sociedade civil para se afirmar e ser um contra-poder às instituições".
R. Eanes




quarta-feira, 9 de abril de 2014

Casa de Aristides de Sousa Mendes em Ruinas

Cordão humano pela casa de Aristides de Sousa Mendes





Uma vergonha Nacional!


A "Inércia" com que o estado Português está lidar com a conservação da Casa do Passal, casa de um grande homem (Português) que devia encher de orgulho qualquer Português, mas ao que parece a classe política não foi tocada pela "nobre" causa de Aristides Sousa Mendes e assim perdendo-se no tempo um consenso político para a realização das obras urgentes, na casa do Passal antes desta ruir... classificada como Monumento Nacional desde 2011. Este é um problema sem sombra de dúvida dos políticos que têm governado o país, que nada têm feito para preservar um património de valor incalculável, um lugar de memória, de um português que salvou milhares de "Almas" de morte certa!
Concretizar a recuperação da Casa do Passal é a melhor homenagem que pode ser prestada ao antigo cônsul português em Bordéus, durante a Segunda Guerra Mundial, e que resgatou 30 mil pessoas do Holocausto.


Neste fim de semana passado centenas de pessoas mobilizaram-se contra esta pouca vergonha...


Centenas de pessoas formaram um cordão humano à volta da casa de Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato. Depois de abandonada durante 50 anos, a Casa do Passal vai começar a ser recuperada no início do verão. Aqui, na RTP!

"Trata-se de um grito dos cidadãos, que pretende dizer que isto não pode continuar a acontecer. A casa de Aristides de Sousa Mendes foi classificada como edifício de interesse público. No entanto, vai caindo aos pedaços". Fonte, aqui!

No meio de uma batalha legal entre a Fundação Aristides de Sousa Mendes e a família do diplomata, o edifício pode não sobreviver ao Inverno. Fonte, aqui!




Casa do Passal...

A Casa do Passal, morada de família de Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, encontra-se em risco de colapso iminente.





Descendentes de refugiados salvos por Aristides Sousa Mendes visitam antiga casa do cônsul herói !

Pessoas famosas que usufruíram de vistos passados por Aristides de Sousa Mendes...

Entre aqueles que obtiveram um visto do cônsul português contam-se:
Políticos:
  • Otto de Habsburgo, filho de Carlos, o último imperador da Áustria-Hungria; o príncipe Otto era detestado por Adolf Hitler, que o condenara inclusive à morte. Ele escapou com a sua família desde o exílio belga e dirigiu-se aos Estados Unidos onde participou numa campanha para alertar a opinião pública.
  • Vários ministros do governo belga no exílio
Artistas:




Aristides Sousa Mendes, the forgotten portuguese hero...


Este filme é sobre um homem que teve a coragem de escolher proteger vidas humanas. Na Segunda Guerra Mundial, ele salvou as vidas de 30.000 pessoas. Apesar de ter trabalhado sozinho na Embaixada de Portugal, na França, um país que foi ocupado esse tempo pelos nazistas. Este homem fez uma escolha única, ele decidiu salvar vidas. E ele não temia, nem a Alemanha, nem as colaboracionistas franceses, nem o seu governo que a partir de Lisboa, em Portugal, disse-lhe para não fazer isso. Ele era um homem muito corajoso.





Um pouco de História sobre Aristides...

Afinal quem foi Aristides Sousa Mendes...?

Veja os vídeos a baixo para melhor entender quem ele foi...

Grandes Portugueses - Aristides de Sousa Mendes_1-5


Maio de 1940 Aristides falsifica documentos...

A 10 de Maio de 1940 a Alemanha lança uma ofensiva contra a França, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. É nesta altura que milhões de pessoas começam a abandonar os seus lares e terras fugindo da frente de batalha.
A 30 de Maio, Aristides, volta a prevaricar. Desta vez vai para além da desobediência à Circular 14. Uma mulher Luxemburguesa de origem Portuguesa, antiga conhecida de Aristides, pede-lhe ajuda para fugir para Portugal juntamente com o seu marido Luxemburguês, Paul Miny. Paul está em idade militar e quer fugir da mobilização para o exercito Luxemburguês que estava a ser organizado no norte de França. Aristides conhece a mulher e quer ajuda-la, decide então falsificar os documentos e fazer Paul passar por cidadão português, o que lhe permitirá, iludindo as autoridades fronteiriças francesas, escapar à mobilização.
A 7 de Junho, já com Paul Miny em fuga à mobilização, ainda as tropas Francesas resistiam heroicamente contra a ofensiva alemã na batalha do Somme, a 700Km de Bordeus. A 14ª divisão Panzer é reduzida a menos de metade e nessa altura o General Alemão Von Richenau comandante-chefe do 6ª exercito diz “os militares franceses envolvidos na batalha do Somme lutaram como leões”. Assim, enquanto os franceses ainda lutavam como leões, na retaguarda, com documentos falsificados por Sousa Mendes, Paul Miny desertava.

Nesta altura Aristides arriscou-se bastante, a falsificação de documentos é um crime grave, punível com a pena de prisão. O facto de Aristides ser funcionário público constituía uma agravante. Mais tarde no processo disciplinar que lhe é movido, a acusação decide desviar o olhar deste incidente, poupando Sousa Mendes a uma condenação certa, considerando-o um caso fora do âmbito das competências do MNE, ou seja, um caso de polícia e justiça.


Grandes Portugueses - Aristides de Sousa Mendes_2-5


Junho de 1940 Aristides decide passar vistos indiscriminadamente...

Com exército alemão a aproximar-se de Paris, gera-se o pânico na população francesa que se põe em fuga e dá-se então inicio ao maior movimento de deslocação de pessoas da historia da Europa. Estima-se que entre oito a dez milhões de pessoas, sobretudo mulheres velhos e crianças, em pânico, se tenham posto em fuga, em direcção ao sul, mas sem um destino concreto, num movimento desordenado, chegando inclusivamente a limitar a manobra do exército Francês, e chegando ao ponto de na parte final, a multidão, já ultrapassada pelo exercito alemão, estar já a fugir em direcção ao inimigo. Uma descrição deste caos gigantesco é descrita em grande detalhe por dois voluntários britânicos, do Corpo de Ambulâncias Francês, que sendo apanhados no meio da confusão, imortalizaram de modo sublime, no seu livro “The Road to Bordeaux”, o drama e a angustia desses dias.
Nessa altura, em Biarritz vivia uma “comunidade” de refugiados políticos portugueses, que aí se tinha exilado, ainda no tempo da república, e entre os quais se encontrava o antigo Presidente da República, Bernardino Machado. A 1 de Junho de 1940 é promulgado, por Salazar, um Decreto amnistiando todos os exilados políticos portugueses, permitindo-lhes o regresso a Portugal.

Até esta altura, e desde o início da guerra, o consulado português tinha emitido cerca de 1200 vistos, quase todos autorizados pelo MNE, com excepção dos vistos passados ao comunista Neira Laporte e ao judeu Austríaco Arnold Wizniter e com excepção também de mais alguns, poucos, vistos que Aristides na altura negou mas que hoje podem ser identificados. Note-se que Bordéus não era o único consulado que emitia vistos. Durante este período todos os restantes consulados portugueses espalhados pela Europa distribuíram vistos. Tal era o caso de Antuérpia, Paris, Toulouse, Berlim, Hendaia, etc.



Grandes Portugueses - Aristides de Sousa Mendes_3-5




É em princípios de Junho de 1940 que a avalanche de população em fuga se abate sobre Bordéus. Os números falam por si. Nos primeiros 10 dias de Junho o consulado de Bordéus emitiu 59 vistos, todos regulares, todos pagos. No dia 10 de Junho a Itália declara guerra à França e à Grã-Bretanha. No dia 11 de Junho o consulado emitiu 67 vistos, a 12 emitiu 47. No dia 12 de Junho a Espanha altera a sua posição de país neutral para não-beligerante colocando a neutralidade de Portugal. No dia 13 de Junho o consulado emitiu apenas 6 vistos, mas a 14 emitiu 173, a 15 emitiu 112, a 16 emitiu 40.
A quebra no dia 16 justifica-se por ser um Domingo. Nesse dia Aristides ainda concedeu alguns vistos. É o próprio Aristides que o diz, e também diz que inclusivamente cobrou os emolumentos suplementares a que tinha direito por estar a trabalhar a um Domingo. Aristides recorda em particular os vistos que concedeu ao banqueiro Rothschild, que não quis esperar por segunda-feira e se prestou a pagar os emolumentos suplementares.
Mas foi provavelmente no dia 13 que Aristides, sucumbindo à pressão psicológica de ter de auxiliar a uma população em pânico e também pressionado pelos escândalos provocados no consulado pela sua amante grávida, se retirou para o seu quarto onde esteve três dias deitado com um esgotamento nervoso.
A 16 de Novembro o diplomata Francisco Calheiros e Menezes chega a Bordéus e é recebido pelo Consul, num quarto escuro onde o cônsul se encontra acamado, exausto.
É então, no dia 17 de Junho que Aristides, dizendo-se inspirado por um poder divino, decide conceder visto a todos os que lho pedissem: "A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião". Com a ajuda dos seus filhos e sobrinhos e do rabino Kruger, ele carimba passaportes, assina vistos, usando todas as folhas de papel disponíveis. No dia 17 emitiu 247 vistos, dos quais muitos a cidadãos portugueses, no dia 18 emitiu 221 vistos e no dia 19 emitiu 156 vistos.
Entre as pessoas que ele o estão a ajudar encontra-se o Rabino de Antuérpia, Jacob Kruger, que lhe faz compreender que há que salvar os refugiados judeus.
Confrontado com os primeiros avisos de Lisboa, ele terá dito:


Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus.


Grandes Portugueses - Aristides de Sousa Mendes_4-5




As discórdias relativamente aos números... 

No entanto continua a haver muitos defensores da estimativa de 30,000 refugiados. Entre os que defendem este número merece destaque a Sousa Mendes Foundation, nos EUA, que tem um ambicioso projecto de identificação de todos aqueles que receberam vistos passados por Sousa Mendes. O site da fundação publica um lista de todos aqueles que viajaram para Portugal com vistos passados pelo cônsul em Bordéus. No entanto, a lista mistura vistos passados por Aristides no cumprimento estrito dos seus deveres de cônsul (muitos passados a Portugueses, outros a viajantes, outros a Ingleses, Americanos, etc. de regresso aos seus países), com os vistos passados em desobediência, tornado a consulta demasiado morosa. A fundação chama a atenção para um ponto relevante, não poucas vezes um visto era passado a mais do que uma pessoa, como é o caso de adultos que viajavam com crianças, pelo que o número real de pessoas é superior ao de vistos.
No entanto, dizer que todos aqueles que receberam vistos foram “salvos” parece uma dedução demasiado simplista. Muitos eram banqueiros, milionários, políticos que teriam tido oportunidade de escapar de uma maneira ou de outra e, a maioria, dos oito a dez milhões que naqueles dias de pânico se pôs em fuga, acabou por regressar às suas casas e sobreviver aos horrores da guerra. Também é de salientar que o episódio de Bordéus ocorreu muito antes do terrível holocausto Nazi. Note-se que, por exemplo, no verão de 1942 ainda viviam na Holanda 4,300 judeus de origem portuguesa que até aí, não obstante a brutal repressão Nazi, não tinham sentido a necessidade de abandonar as suas casas e os seus haveres.
As pessoas com vistos emitidos por Sousa Mendes foram autorizadas a entrar em Portugal, foram acolhidas, alimentadas e apoiadas. Um simples carimbo no passaporte não teria bastado para salvar um refugiado.
Numa entrevista recente, Rui Afonso, biógrafo e admirador de Aristides, conta-nos que depois de muitos anos de investigação tem chegado à conclusão que a maioria dos refugiados ajudados por Aristides eram pessoas com meios. Claro que pessoas como o rabino polaco Chaim Kruger, homem relativamente pobre, eram pessoas de meios muito mais modestos do que os milionários e aristocratas que também receberam vistos. Havia homens de negócio, industriais, muita gente que trabalhava na indústria dos diamantes na Antuérpia, actores de cinema, pianistas, pintores, intelectuais, banqueiros etc. Para ter passaporte e para viajar era preciso, na altura, ter meios financeiros.


O processo disciplinar no MNE...

A 8 de Julho de 1940, Aristides, de volta a Portugal e tem que enfrentar um processo disciplinar movido pelo MNE. Aristides poderia ter enfrentado quatro acusações:
  • Desobediência às instruções do MNE, emitindo vistos de forma indiscriminada.
  • Abandono não autorizado do posto.
  • Crime de extorsão, com base na queixa apresentada pela Embaixada Britânica.
  • Crime de falsificação de documentos, para ajudar o desertor Paul Miny.
As duas últimas acusações eram muito graves e ambas puníveis com pena de prisão e despedimento da função pública. A acusação, opta por ser benevolente e decide não investigar o caso reportado pela embaixada Britânica e no crime de falsificação de documentos, que Aristides admite ter praticado, a acusação opta por considerar que o crime não é da sua esfera de competência.


Grandes Portugueses - Aristides de Sousa Mendes_5-5



O acolhimento de Portugal a refugiados da guerra não terminou com o fim da Guerra, continuou nos anos que se seguiram. O caso mais emblemático é o dos “meninos austríacos”, uma mega operação da Caritas Portugal. Em 1948 vêm para Portugal 5,500 crianças austríacas, na sua maioria órfãs, mal nutridas, que são distribuídas por famílias de acolhimento de norte a sul do país. Muitas destas crianças voltaram para a Áustria passados alguns anos. Outras deixaram-se ficar por Portugal. O caso talvez mais curioso é o de Gustav Zenkl que veio a ser um toureiro famoso. E passados muitos anos alguns destes meninos, já velhos e reformados, escolheram Portugal como país para viverem os seus dias de reforma. Em 2009 numa deslocação do Presidente Cavaco Silva à Áustria, Cavaco Silva teve oportunidade de se encontrar com alguns destes “meninos”. Ursula Mertin, uma antiga menina, contou-lhe que quando era pequena, em Portugal, durante uma visita do então presidente do Conselho de Ministros, António Oliveira Salazar, a Santo Tirso, este reparou em Ursula e falou com ela. "Parece que gostou de mim. A seguir, trocámos cartas e convidou-me a ir à casa dele, ao palácio. E pelo Natal enviava-me sempre ananases dos Açores", contou Ursula, que não se afastou da sua família portuguesa e recentemente visitou Portugal.


Um português que sem dúvida deixa a maioria dos Portugueses cheios de orgulho, Aristides Sousa Mendes. No entanto há alguns poucos que teimam em não lhe dar o tribute/homenagem merecido...

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