Opinião de, Mariana Mortágua
Por estes dias Pedro Passos Coelho (primeiro ministro), teceu altos elogios (aqui) a Dias Loureiro, um senhor que esteve envolvido em vários casos menos claros, como o do BPN... Os maioria dos Portugueses sentem-se indignados com este elogio, inoportuno.
Será que o Primeiro Ministro mediu bem as palavras que proferiu, será que o Sr. Pedro Passos Coelho sabe quanto custou aos Portugueses o "roubo" do BPN, para estar a elogiar um dos principais protagonistas naquela miserável tramóia? Mariana Mortágua dá a sua opinião!
Será que o Primeiro Ministro mediu bem as palavras que proferiu, será que o Sr. Pedro Passos Coelho sabe quanto custou aos Portugueses o "roubo" do BPN, para estar a elogiar um dos principais protagonistas naquela miserável tramóia? Mariana Mortágua dá a sua opinião!
Opinião de: MARIANA MORTÁGUA
Passos Coelho escolheu a inauguração de uma queijaria para
marcar o Dia do Trabalhador. Aí, elogiou de forma muito decidida não o esforço
dos trabalhadores, mas o dos empresários. Corrijo, elogiou "de uma forma
muito amiga e especial" um empresário em concreto. Diz o primeiro-ministro
que a história deste "empresário bem-sucedido" é um exemplo para
todos quantos "sabem que, se queremos vencer na vida, chegar longe, ter
uma economia desenvolvida e pujante, temos de ser exigentes e metódicos".
Um empresário que "viu muitas coisas por esse Mundo fora", e que nos
dá lições importantes ao mostrar que "os ricos não são ricos a esbanjar
dinheiro".
Mas quem é, então, esta conjugação de Steve Jobs com Henry
Ford? Dias Loureiro. Compreendo o seu espanto, pois também foi o meu quando vi
as imagens, mas é esse mesmo Dias Loureiro. O do BPN que nos custou mais de
5000 milhões de euros. O homem que "viu muitas coisas no Mundo", de
Porto Rico a Marrocos, onde arranjou uns negócios ruinosos (estou a ser simpática
na definição...) que acabaram todos a ser pagos pelos contribuintes. O
"metódico" Dias Loureiro que garantiu, na comissão de inquérito ao
BPN, que não conhecia um fundo usado pelo BPN nos seus esquemas financeiros,
mas que se mostrou dias depois ter assinado vários documentos desse fundo. A
mentira, recorde-se, foi um dos motivos que o levou a renunciar do Conselho de
Estado, para o qual tinha sido nomeado por Cavaco Silva.
As conclusões do relatório dessa comissão parlamentar,
aliás, não deixam muitas margens para dúvidas sobre o modelo de negócio e
"exigência" deste "empresário bem-sucedido". O seu nome e o
de Oliveira e Costa são os únicos nomeados para explicar como foi montado o
"banco laranja". "O Grupo desenvolveu-se rapidamente mercê da
colaboração objectiva de várias pessoas influentes, em virtude do exercício de
altos cargos públicos, designadamente, o Dr. Dias Loureiro e o próprio Dr.
Oliveira e Costa, bem como alguns accionistas".
Sobre Dias Loureiro não há muito mais a dizer, mas as
palavras escolhidas por Passos Coelho, na verdade, dizem-nos mais sobre a forma
como o primeiro-ministro vê o Mundo, e a relação entre política e negócios, do
que sobre um dos responsáveis pelo caso de polícia que foi o BPN. Esperava-se
que um empresário com as características elencadas por Passos fosse alguém que
tivesse criado empregos bem pagos e desenvolvido a economia do país, não alguém
que, à sombra de Oliveira e Costa, ajudou a montar uma espécie de Tecnoforma
gigante. Ou então é isso, é mesmo este modelo de vida, negócio e "vencer
na vida" que Passos conhece e admira.
"Há 4691 milhões de razões para nos explicar os seus elogios a Dias Loureiro"
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