Por JOSÉ PACHECO PEREIRA :
"...É difícil imaginar tanta raiva, tanta vontade de calar,
tanto desejo de pura exterminação do outro, como aquele que se abateu sobre o
manifesto dos 70 signatários a pretexto da reestruturação da dívida, uma
posição expressa em termos prudentes e moderados por um vasto grupo de pessoas
qualificadas, quase todas também prudentes e moderadas.
Nem isso poupou os seus signatários a uma série de insultos,
acusações ad hominem, insinuações e o que mais adiante se verá.
Sobre eles caiu a excomunhão que retira os seus nomes do círculo de ferro da
confiança do poder.
Pelo contrário, alguns dos que os atacam ganharam o direito
de lá entrar, e os que já estão lá dentro viram reforçada a confiança que lhes
permite uma vida almofadada dos custos da crise. São os “responsáveis”,
discordam às vezes no secundário, mas portam-se bem. Os 70, pelo contrário,
portaram-se muito mal. Num mundo cada vez mais dos “nossos” e dos “deles”,
bastante parecido com o paradigma marxista da luta de classes, os signatários
cometeram vários pecados mortais, e ficaram do “lado errado”. É com eles que
estou e é com eles que quero estar, não tendo assinado o manifesto apenas por
incúria minha em responder a tempo ao convite que me foi feito. Mas é como se o
tivesse assinado, por isso incluam-me na lista dos insultos, que já estou
habituado.
Veio ao de cima tudo, a começar pelo primeiro-ministro, que
os tratou de essa “gente”, ou porque tinham uma “agenda política” ou porque
eram “cépticos” por natureza, inúteis para o glorioso esforço nacional de
empobrecer como programa de vida. O manifesto era “antipatriótico”, com um timing inaceitável,
a dois meses da “libertação” de 1640, feito pelos “culpados” do esbanjamento,
pelos “velhos” a defenderem os seus privilégios, pelos defensores do statu
quo dos interesses instalados, pelos “jarretas”, pela “geração
errada”. O seu objectivo escondido, ao assinarem o manifesto, é outro, é “manter
o modelo de negócio que temos, o Estado que temos, e atirar a dívida para trás
das costas”, escreve António Costa em editorial do Diário
Económico. José Gomes Ferreira é mais claro: “Estará a vossa
iniciativa relacionada com alguns cortes nas vossas generosas pensões?”
"...Este surto de raiva, com laivos claramente censórios, não me
surpreende. Estava à espera dele, na sua magnitude e violência. E não vai
acabar, vai-se tornar endémico. Ele é o efeito a curto prazo de uma política
que se assume para vinte ou trinta anos de empobrecimento, centrados num único
eixo: pagar aos credores, obedecer aos mercados. Essa política não pode ser
conduzida em democracia, só pode existir com base num regime autoritário." Continue lendo, aqui!
A Censura e a Pide, à que Relembrar...
À que relembrar como era no tempo da "pide"... pois, parece que andam por ai umas mentes muito iluminadas que gostariam de voltar aos tempos antigos... tempos esses que ninguém quer por cá novamente!!!
“Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa.” Victor Hugo
À que relembrar, para não lá voltar!
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